O Caso dos Alunos de 12 Anos em Salvador 

O caso dos alunos de 12 anos que planejaram envenenar professoras em Salvador revela a crescente facilidade de menores em cometer infrações graves.

 Quando a Infância Planeja o Inaceitável

Um plano que chocou Salvador 

Recentemente, um caso ocorrido em Salvador, Bahia, despertou perplexidade e tristeza. Quatro alunos, três meninas e um menino, todos com apenas 12 anos, foram descobertos planejando envenenar as professoras de inglês e matemática. A motivação? O medo da reprovação e o desejo de escapar das consequências escolares

O episódio reacende discussões profundas sobre a fragilidade da infância contemporânea, a influência de fatores sociais e psicológicos e a urgência de compreender o comportamento infantojuvenil à luz da Psicanálise e da Criminologia

A inquietante facilidade em planejar o crime 

O mais perturbador nesse caso é a facilidade com que crianças e adolescentes têm demonstrado capacidade de planejar infrações graves

A tecnologia, as redes sociais e o acesso à informação — sem o devido acompanhamento emocional — têm contribuído para o amadurecimento precoce de condutas desviantes

Esses jovens não apenas pensam o ato, mas o planejam com frieza, reproduzindo padrões de comportamento típicos de mentes adultas em conflito com a moral e a lei. Há, aqui, um reflexo do vazio afetivo e simbólico que atravessa muitas famílias e escolas, onde a autoridade e o vínculo emocional se perdem em meio à pressa e à superficialidade das relações. 

A lei e o conceito de “ato infracional análogo ao crime” 

No Brasil, quando um menor de 18 anos comete um delito, não se fala em crime, mas em ato infracional análogo ao crime.

Essa distinção jurídica está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que compreende que o adolescente ainda está em formação psíquica e moral

No entanto, a sociedade se encontra cada vez mais dividida entre a proteção legal da infância e a angústia diante da gravidade dos atos praticados por menores. A pergunta que ecoa é: como reabilitar sem negligenciar a gravidade do ato? 

A Psicanálise, nesse ponto, oferece uma escuta que vai além do julgamento: ela busca entender o sintoma e o vazio simbólico que antecede o ato

A crescente dos atos infracionais e o alerta social 

Os registros nacionais apontam para uma crescente inquietante: menores de idade têm participado cada vez mais de infrações graves, como homicídios, furtos, tráfico e, agora, tentativas de envenenamento. 

Essa realidade denuncia falhas na educação emocional, desamparo familiar e ausência de políticas públicas voltadas à psicoeducação e à saúde mental infantojuvenil

Quando o laço afetivo se rompe, a lei passa a ser o último limite simbólico, e o ato infracional, uma forma inconsciente de gritar por reconhecimento e presença. 

Entre a punição e o cuidado 

A resposta social e jurídica a esses casos não pode se limitar à punição. É preciso resgatar o olhar humano e educativo, restabelecer vínculos e reconhecer a importância da escuta clínica

Somente quando um jovem é ouvido e compreendido, pode-se reconstruir a consciência do limite e da responsabilidade. 

O caso de Salvador não é um ponto isolado — é um reflexo de uma geração que pede socorro silenciosamente

E a sociedade, como um todo, precisa aprender a ouvir esse pedido antes que ele se transforme em novos atos de violência. 

Reflexão final 

Cada ato infracional cometido por um menor é também um espelho social. Ele revela não apenas o erro individual, mas a falência dos laços coletivos que deveriam sustentar a infância. 

Enquanto não houver investimento em psicoeducação, saúde mental e afetividade, novos casos continuarão surgindo — chocando, mas sem surpreender.

A compreensão do comportamento humano exige escuta, empatia e análise profunda. Se este tema tocou você, busque o olhar da Psicanálise — nele, encontramos caminhos para entender o que se esconde por trás do ato e transformar dor em consciência.

Agende uma conversa e permita-se compreender mais sobre a mente humana e seus limites.

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