Por que adolescentes atacam o lugar onde deveriam aprender e conviver? O que está por trás desse comportamento?
Desde o ano de 2002, temos assistido a uma crescente onda de ataques violentos em escolas, envolvendo, em sua maioria, adolescentes. A sociedade reage com choque, medo e indignação. Mas além do impacto imediato, é necessário refletir mais profundamente sobre as raízes psíquicas desses atos. A Psicanálise, enquanto ferramenta de escuta e compreensão do inconsciente, pode nos ajudar a lançar luz sobre essa realidade tão complexa.
Violência nas escolas: mais do que um ato isolado
Os ataques em ambientes escolares não surgem do nada. Eles são sintomas de algo que vem sendo gestado no silêncio: sofrimento psíquico, isolamento social, falta de escuta e vínculos frágeis. Vivemos em uma era onde o excesso de imagens, o imediatismo digital e a falta de espaços para elaboração emocional têm deixado marcas profundas em crianças e adolescentes.
Para a Psicanálise, um sintoma é sempre uma tentativa do sujeito de dizer algo que não consegue dizer de outro modo. Quando a palavra não encontra espaço, a violência pode ocupar esse lugar.
O que a Psicanálise nos ensina?
O sujeito em sofrimento
Segundo Freud e Lacan, o sujeito humano está em constante conflito entre seus desejos, as leis sociais e o mundo simbólico. A adolescência é uma fase particularmente sensível: é quando o jovem precisa se separar da infância, lidar com frustrações e buscar sua identidade.
Se não há espaço para escuta — na família, na escola ou na sociedade — o sofrimento pode se transformar em ato, em vez de discurso.
A violência como linguagem
Para a Psicanálise, a violência não é apenas uma ação física: ela pode ser uma tentativa de expressão. Um jovem que ataca uma escola, muitas vezes, não ataca apenas colegas — ataca o saber, a autoridade, a exclusão que sofreu, o olhar que o ignorou. É uma forma trágica de tentar existir, de gritar: “eu estou aqui”.
O papel do Outro
A escuta, o reconhecimento e o limite simbólico são fundamentais na constituição psíquica. Sem isso, o sujeito pode se perder no gozo destrutivo, sem mediações simbólicas. O Outro — representado por pais, professores, psicólogos — precisa ocupar esse lugar de referência, oferecendo contenção, sentido e escuta.
O que podemos fazer?
A Psicanálise não propõe respostas prontas, mas um espaço de escuta e elaboração. Isso significa:
● Ouvir mais! Julgar e rotular menos.
● Criar ambientes escolares onde o aluno não seja apenas número ou nota.
● Investir em programas de saúde mental nas escolas, com psicanalistas, psicólogos e profissionais capacitados.
● Identificar sinais de sofrimento e intervir antes que ele se transforme em tragédia.
Um Pedido de Socorro?
Os ataques às escolas podem sugerir um pedido de socorro. A Psicanálise nos convida a ir além da condenação e da punição: ela propõe um olhar que acolhe, interpreta e busca compreender o sujeito em sua dor.
“Todo ato falho, todo sintoma e todo sonho têm um sentido.” — Freud
Se quisermos transformar essa realidade, precisamos escutar antes que o silêncio grite novamente.
Gostou desse artigo?
Compartilhe com outros educadores, profissionais da saúde mental e pais. Vamos ampliar esse debate necessário.
Deixo abaixo algumas dicas de literatura
Clica no link para obter o seu livro!
LIVROS
Ataques em Escolas: Como Evitar Novas Tragédias : https://amzn.to/4kITTfZ
Sobrevivendo na Escola: Um Guia para Crianças Lidarem com Ataques e Violência na Escola – Guia Completo para Pais que Desejam Preparar seus Filhos para Situações de Emergência na Escola : https://amzn.to/4lmPq3D
Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz:https://amzn.to/40kZ7qW